Para a economista Enivalda Alves da Silva Pina, há potencial
para o país seguir rumo ao desenvolvimento sustentável no ano que vem com
desafios econômicos persistentes
O ano de 2025 desponta no horizonte como um período crucial
para a economia brasileira, que pode ser marcado por desafios econômicos
persistentes e pela busca por crescimento sustentável. Após enfrentar uma
década de turbulências econômicas, o Brasil parece estar em um ponto de
inflexão, com o governo e o mercado tentando delinear caminhos para a
recuperação. As expectativas para o futuro próximo se dividem entre cautela e
otimismo, dependendo de como o país lidará com questões estruturais e de como
aproveitará as oportunidades globais e locais.
Ao que tudo indica, o Brasil terá um crescimento moderado,
com projeções que indicam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) na casa
de 2% a 3% ao ano. Esse crescimento será impulsionado, em parte, pela
recuperação do setor de serviços, que já apresenta sinais de recuperação após
as perdas causadas pela pandemia de COVID-19. Os setores de comércio e turismo,
também devem continuar suas trajetórias de retomada, beneficiado pela melhora
na confiança do consumidor e crescimento das viagens nacionais e internacionais.
Entretanto, a economia brasileira ainda enfrentará desafios
significativos, como a elevada taxa de juros e a inflação persistente, que
limitam o poder de compra das famílias e dificultam o financiamento das
empresas. A expectativa é que, até 2025, o Banco Central consiga estabilizar a
política monetária, promovendo um cenário de juros mais baixos, o que ajuda a
estimular o consumo e os investimentos. A economista e Coordenadora do Curso de
Administração de Empresas (EaD) da Faculdade Santa Marcelina, Enivalda Alves da
Silva Pina, acredita que apesar dos desafios há grande potencial para o país
seguir rumo ao crescimento econômico em 2025.
Segundo a especialista, tudo dependerá de uma combinação de
fatores internos e externos para alavancar o crescimento. “Internamente, é
essencial que o governo continue comprometido com reformas estruturais, como a
tributária e a administrativa, além de garantir estabilidade fiscal e
previsibilidade regulatória. Já externamente, o cenário global, especialmente
no comércio de commodities e nas taxas de juros das grandes economias, terá
impacto direto na trajetória do crescimento da brasileira”, diz.
Apesar de avanços pontuais nos últimos dois anos, o
crescimento sustentável exige a consolidação de políticas que aumentem a
produtividade, reduzam desigualdades e promovam investimentos em infraestrutura
e inovação. A especialista, ainda destaca que é preciso ter cautela em alguns
movimentos. “Com o dólar na casa dos R$ 6 e aumentos recentes nos combustíveis,
é necessário analisar com mais cuidado os possíveis movimentos das taxas de
inflação e desemprego nos próximos meses”, conclui.
Para Enivalda Alves da Silva Pina, a inflação tende sofrer
pressões de alta devido aos seguintes fatores, trazendo impactos negativos e
positivos à economia:
Pontos positivos
Recuperação de setores exportadores
O dólar alto pode beneficiar o agronegócio e a indústria
voltada para exportações, que podem gerar mais empregos.
Setores de serviços e tecnologia
Áreas que não dependem tanto do câmbio tendem a continuar
contratando.
Projeção para desemprego
Risco de estabilização ou ligeiro aumento em 2025: Se o
dólar e os combustíveis permanecerem elevados, haverá pressão sobre custos
empresariais, limitando contratações.
Melhora moderada em 2025
Dependerá de políticas públicas que incentivem investimentos
e da recuperação de setores estratégicos.
Pontos negativos
Câmbio elevado
O dólar impacta diretamente os preços de produtos importados
e insumos industriais, como trigo, fertilizantes e componentes eletrônicos, que
acabam repassados ao consumidor final.
Alta dos combustíveis
O aumento dos combustíveis tem um efeito cascata, elevando
os custos de transporte e, consequentemente, os preços de alimentos e outros
bens.
Volatilidade internacional
A instabilidade global, como conflitos e ajustes monetários
em grandes economias, pode gerar choques de preços em commodities e energia.
Contudo, o Banco Central tem mantido uma política monetária restritiva, com
taxas de juros elevadas, o que tende a conter a demanda e segurar a inflação.
Mas isso tem um custo: menor crescimento econômico e dificuldades para o
mercado de trabalho.
Projeção para inflação
Risco de alta no curto prazo (final de 2024): Pressões
vindas do dólar e combustíveis podem levar a um aumento nos índices
inflacionários.
Estabilização ou queda moderada em 2025
Se o governo mantiver o controle fiscal, e o cenário global
se estabilizar, a inflação poderá desacelerar.
Desemprego
O desemprego está diretamente ligado ao crescimento
econômico e à confiança do mercado. Alguns fatores preocupantes incluem:
Setores sensíveis ao câmbio
Empresas que dependem de importações enfrentam maiores
custos, o que pode levar a cortes de gastos, inclusive demissões.
Investimentos limitados
A volatilidade cambial e incertezas fiscais podem afastar
investimentos, reduzindo a geração de empregos formais.
Custo do crédito
Juros elevados dificultam o acesso a financiamentos para
empresas e consumidores, limitando a expansão de negócios e o consumo.